sábado, 10 de janeiro de 2009

Os caminhos tortuosos da política

O termo política vem da composição de duas palavras gregas (pólis+ éthikos). Pólis é a Cidade Estado, e éthikos é a forma justa e coerente de governar a pólis.

A política como ciência tem sua importância no processo de formação do poder governante. Isso se constitui em necessidade natural, pois na própria natureza humana está presente essa carência de governo, sem o qual a sociedade fica anarquizada, com o caminho aberto para o caos.

Aristóteles já afirmava que o homem é um animal político e, como tal, jamais poderá prescindir dessa ciência, porque é ela que nos coloca no caminho da organização, da ordem e da justiça social, sem as quais muitas nações já desapareceram completamente do cenário histórico.

No decorrer da história o homem tem procurado se organizar por meio de regimes políticos diversos, ora pelo sistema monárquico, socialista, democrático e até teocrático no qual está o cetro da religião, mas todos eles se apresentaram falhos nas suas funções de governar para o bem comum. Essas falhas ocorrem nem tanto pelo regime em si, mas por causa dos que foram constituídos pelo povo para organizar e governar bem.

Entretanto, pensar no bem comum é raridade. Esse sentimento encontra lugar em poucos corações e por causa disso os homens quando no poder, com raríssimas exceções, suga dele (o poder) tudo que podem em benefício próprio. Isso é fato e a história tem testemunhado as grandes mazelas da maioria dos que chegam lá.

O povo precisa reagir a isso, tomar cuidado com os discursos floridos de falsas promessas, as visitações só em tempo de eleições, os abraços e beijinhos, e a tudo que se apresentar como forma de conseguir votos.

Curiosamente, a grande maioria dos políticos se empenha mais em mostrar serviço em ano eleitoral. É nessa época que as máquinas roncam na recuperação de ruas, tapando buracos e construindo obras e mais obras.

Eventos sociais com balões, pipocas e muitas brincadeiras para a criançada começam a acontecer. Já foi dito: "faça bem aos filhos, e os pais virão a nós" . E vem mesmo! Porque estão aculturados à receber a balinha açucarada do momento e, depois, ingerir o fel dos anos intermináveis e insuportáveis da roubalheira e do descaso para com o povo.

Bem dizia Maqiavel em seus discursos: matem os filhos de Brutus, senão eles se multiplicarão e vos matarão depois. É hora do povo se acordar e expulsar do poder essas raposas que lá estão aguardando apenas as uvas maduras dos jardins palacianos, e não permitir que outras de caráter igualmente duvidosos ocupem essas cadeiras.

É o povo que tem o poder de mandar sentar e mandar levantar do trono seus representantes políticos. Por esse motivo deve selecionar de forma mais criteriosa os seus representantes, olhando não o dinheiro que eles têm ou deixam de ter, mas, sobretudo o caráter e a história de vida de cada um, e só depois votar.

Quem na vida privada ou particular é caloteiro, prostituto, mentiroso, beberrão, infiel nos compromissos sejam eles do tamanho que for, será muito mais na vida pública, porque terá mais poder em suas mãos e administrará o dinheiro dos outros, ou seja, do povo. Também não podemos nos esquecer de outros privilégios que os políticos com mandato têm, com a certeza da imunidade para fazer praticamente tudo que é imoral, porém, legal, desfrutando das benesses das leis por eles mesmos criadas, com o fim exclusivo de protegê-los.

Ética é uma virtude que se traz de berço e não se aprende nos bancos de escola por mais que a ensinem. Quem não é ético na vida privada, certamente que não o será na vida pública.

João Gomes da Silva é escritor, teólogo, conferencista e orador oficial da Academia Gurupiense de Letras. E-mail: revjoaogomes@gmail.com

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